Descubra o que é enchimento em fertilizantes, como ele impacta a produtividade e por que evitar produtos com materiais inertes pode economizar dinheiro e melhorar sua colheita.
O Que Torna Dois Fertilizantes Com a Mesma Fórmula Diferentes É O Enchimento
Imagine duas empresas comercializando a mesma fórmula de fertilizante, a preços completamente diferentes, ambas garantindo a pontuação de N-P-K. O que impediria um produtor de escolher o fertilizante mais barato? A resposta está no fato de que há diferentes maneiras de compor uma fórmula.
O método de fechamento de formulação utilizado por cada fornecedor define se o produtor está comprando fertilizante de qualidade ou uma mistura de materiais como granilha, calcário granulado, quartzo, argila, farelos e tortas vegetais, silicatos e carbonatos de baixa solubilidade pelo preço de fertilizante – que não estão baratos.
Isso é possível usando enchimento nas formulações de fertilizantes.
O Que É Enchimento no fertilizante?
O enchimento é utilizado quando, dependendo das matérias-primas utilizadas se atinge os pontos de NPK garantidos antes que se alcance uma tonelada de produto.
Essa adição de enchimento reduz o custo do fertilizante. Dessa forma, o fornecedor pode tentar oferecer um produto mais barato no mercado, mas isso nos leva àquele ditado popular: “o barato sai caro”. E quanto maior for o volume comprado de fertilizante maior será o prejuízo com os enchimentos.
Como Identificar Fertilizantes Com Enchimento?
A legislação brasileira (art. 2º, parágrafo XIII, do Decreto 4954 de 2004, do MAPA) define enchimento, ou “carga”, como material adicionado à mistura de fertilizantes para ajustar a formulação, sem interferir na ação do produto e sem oferecer garantias de nutrientes.
Já no anexo IV da Instrução Normativa nº 39 de 2018 limita o enchimento a 10% (p.p.) nas formulações de fertilizantes. Isso significa que, em uma tonelada de um formulado NPK, podem existir até 100 kg de material inerte, que em nada contribui para a nutrição da lavoura, sendo, na maioria das vezes, de baixíssima solubilidade e, portanto, inerte.
O problema é que muitos produtores não levam em consideração os custos extras associados ao uso de enchimentos, como mão de obra para descarregar, espaço para armazenamento e tempo gasto para recarregamento das máquinas que aplicam estes adubos.
Isso sem contar a redução do potencial produtivo da lavoura. Imagine um produtor ou uma cooperativa comprando cinco mil toneladas de fertilizantes com 10% de enchimento. Isso representa 500 toneladas de material “inútil” sendo transportado e aplicado, gerando um custo considerável, uma vez que seria necessário no mínimo dez caminhões para transportar todo esse material.
Portanto, ao negociar fertilizantes, o produtor deve optar por produtos que contenham apenas nutrientes de qualidade, sem enchimentos.
O Que Não É Enchimento?
Tomemos como exemplo a fórmula 02-20-18 com 9% de cálcio (Ca) e 6% de enxofre (S), totalizando 55% de nutrientes. Os 45% não se trata de enchimento, mas sim de minerais e óxidos que acompanham os nutrientes na formação dos grânulos (são inerentes).
No caso do superfosfato simples, que pode ser feito a partir do fosfato reativo de Bayóvar, por exemplo, a rocha não contém somente P2O5, mas também Fe2O3, Al2O3, SiO2, CaO, MgO, S, entre outros. Ao reagir com ácido sulfúrico, o produto final também terá S em sua composição. E de maneira similar, o KCl, que contém em média 60% de K2O, também possui óxidos de ferro e outros elementos em sua estrutura cristalina. Esses componentes não são considerados enchimento, pois já fazem parte da estrutura do mineral usado para produzir o fertilizante.
Assim, a composição química da rocha usada para produzir o fertilizante não é considerada enchimento. Já a adição de material inerte que não oferece nenhuma garantia de nutrientes à formulação é, segundo a legislação brasileira, um enchimento.
Por Que Evitar Fertilizantes Com Preços Abaixo do Normal?
No início do texto, perguntamos “Por que um produtor deveria evitar o fertilizante mais barato, se duas empresas oferecem produtos similares e com mesma pontuação de NPK?”.
Tomemos a formulação NPK 04-30-10 como exemplo, e veremos que a resposta está na composição. Uma fórmula pode conter 16,7% de KCl + 65,3% de Superfosfato tripo + 8,7% de ureia + 9,3% de Enchimento. Por outro lado, uma formulação sem enchimento (que é como a Cibra trabalha) é feita da seguinte maneira:16,7 % de KCl + 43% de MAP + 40,3% de SS.
E adicionalmente ao NKP esta formulação ainda contém 4,8% de S e 6,4% de Ca — ambos altamente solúveis. Note que estes 9,3% representam algo em torno de 93 kg de enchimento por tonelada de produto. Por outro lado, na formulação sem enchimento o produtor adquirirá somente matérias-primas que contribuirão com a nutrição de sua lavoura, e adicionalmente levará nutrientes que auxiliarão na construção de perfil de solo – no caso Ca e S.
Uma forma de o produtor se proteger do uso de enchimento é solicitar a abertura de fórmula, que revela as matérias-primas utilizadas no fertilizante. Isso garante a transparência do fornecedor e dá confiança ao produtor de que está recebendo um produto de qualidade, e não comprando pedra (no caso da granilha) pelo preço de K2O ou P2O5. Afinal, carregar material inerte para a fazenda traz prejuízos, e não beneficia em nada a lavoura.
Por isso, busque por marcas de fertilizantes que prezam pela qualidade e eficiência de seus produtos, garantindo que o produtor receba apenas fertilizante, sem nenhum tipo de enchimento. Mesmo que o uso destes materiais seja permitido por lei.