A otimização do uso de fertilizantes potássicos com plantas de cobertura garante que o potássio esteja disponível no momento certo para as culturas.
Neste artigo, você vai entender como essa prática sustentável pode transformar o manejo nutricional da sua lavoura, reduzir custos e maximizar os resultados.
Os Desafios dos Solos Brasileiros na Disponibilidade de Potássio
O potássio (K) é o segundo nutriente mais requerido pelas culturas, além de ser um macronutriente essencial para plantas devido seu envolvimento em muitos processos fisiológicos.
É importante não apenas para rendimento das culturas, mas também para a qualidade de grãos e frutos.
Grande parte das áreas agrícolas do Brasil está em solos com alto grau de intemperismo e lixiviação. Nesses solos, predominam minerais secundários como caulinita, gibbsita, goethita e hematita, que têm baixa quantidade de minerais fonte de K.
Como consequência, a deficiência de potássio nesses solos tornou-se um dos principais fatores que limitam a produtividade dos agricultores.
Essas áreas precisam, portanto, de correção potássica para que a atividade agrícola seja economicamente viável.
Portanto, a otimização do uso de fertilizantes potássicos com plantas de cobertura pode trazer mais produtividade para as culturas.
Como Funciona a Dinâmica do Potássio no Sistema Solo-Planta
As práticas de recomendação de correção e adubação usados no Brasil baseiam-se na compreensão científica da dinâmica dos nutrientes no sistema solo-planta ao longo do tempo, e as decisões são tomadas com base na relação entre extração e exportação de nutrientes,
Como o potássio nos tecidos vegetais está quase totalmente na forma iônica e é facilmente lixiviado da palhada, a mineralização dessa fração representa uma importante fonte de K para o solo e para as culturas subsequentes.
Assim, o balanço entre a quantidade total extraída de potássio, o que é exportado na forma de grãos, e o que permanece na palhada deve ser considerado para otimizar o uso dos recursos.
Manejo Eficiente de Fertilizantes Potássicos
Pesquisas recentes mostram que, quando o manejo da adubação potássica é feito de forma eficiente, as perdas podem ser drasticamente reduzidas.
No entanto, é necessário cautela nesse manejo, pois o uso excessivo pode gerar perdas econômicas e danos ambientais, enquanto a subdosagem de fertilizantes pode esgotar o solo e reduzir a produtividade.
No cultivo de soja em sistema de plantio direto (SPD), por exemplo, a antecipação da adubação com potássio em plantas de cobertura aumenta os teores do nutriente na camada superficial (até 10 cm de profundidade).
Além disso, melhora sua absorção pelas plantas. Isso ocorre porque o potássio absorvido e imobilizado pelas plantas de cobertura é rapidamente disponibilizado para a soja durante sua fase de maior demanda.
Aliadas na Disponibilização de Potássio para Culturas Sucessoras
Com base nesses resultados de pesquisa, conclui-se que o uso de plantas de cobertura é uma excelente ferramenta para otimizar o uso de fertilizantes.
Essas plantas não apenas aumentam os teores de nutrientes nas camadas superficiais do solo, como também contribuem para uma nutrição mais equilibrada das culturas sucessoras.
Plantas como o milheto, por exemplo, funcionam como “bombas” recicladoras de nutrientes. Isso, graças à sua alta capacidade de extração de potássio quando comparadas a outras espécies.
Por Que o Potássio é Mais Fácil de Reciclar do que Fósforo e Nitrogênio?
O leitor pode se perguntar por que o potássio apresenta essa rápida ciclagem em comparação a outros nutrientes, como o fósforo (P) ou o nitrogênio (N).
A resposta está no fato de que o K presente nos tecidos vegetais não possui função estrutural, ou seja, não está permanentemente ligado a enzimas e proteínas.
Pelo contrário, o potássio mantém-se na sua forma iônica, o que facilita sua liberação no solo à medida que as plantas crescem ou durante as chuvas.
Mais de 80% do potássio na planta está na forma solúvel e pode começar a ser lixiviado dos restos culturais em até dois dias após a dessecação com herbicidas. Esse processo pode se prolongar por até 55 dias.
Melhores Plantas de Cobertura para Otimização de Fertilizantes Potássicos
Portanto, para os produtores que desejam otimizar o uso de fertilizantes, a recomendação é escolher cuidadosamente as plantas de cobertura.
É importante considerar fatores como a composição de lignina e celulose, o tempo de decomposição da palhada, a produção de fitomassa e a capacidade de reciclar nutrientes.
Esses fatores estão diretamente relacionados à eficiência no aproveitamento do potássio pelas culturas sucessoras.
Algumas plantas, como o sorgo, liberam potássio de forma mais lenta, enquanto o milheto e a braquiária possuem maior intensidade de liberação.
Além disso, o uso de plantas de cobertura ajuda a manter o potássio nas camadas superficiais do solo. Especialmente em solos arenosos, onde a lixiviação do K pode ser um problema.
Os ácidos orgânicos liberados pelas raízes e pela decomposição da palhada funcionam como ligantes de potássio, diminuindo sua lixiviação no perfil do solo.
Conclusão
Em resumo, o uso de plantas de cobertura é uma ferramenta valiosa no manejo sustentável de fertilizantes.
Durante a decomposição, elas desempenham um papel fundamental na ciclagem de nutrientes e na dinâmica da matéria orgânica. Também modificam as características químicas, físicas e biológicas do solo.
O desafio de otimizar os fertilizantes potássicos reside na sincronização entre a liberação do K pelas plantas de cobertura e a absorção pelas próximas culturas.
No entanto, os produtores brasileiros têm demonstrado grande habilidade nesse manejo e, nos próximos anos, continuarão a aperfeiçoar essas práticas.