O Brasil depende amplamente do transporte rodoviário para o escoamento de seus grãos. Segundo a Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 96% do transporte dessas commodities agrícolas é realizado por caminhões, o que expõe o agronegócio nacional a elevados custos logísticos, gargalos estruturais e perdas durante o processo de transporte, tornando esse um dos pontos mais frágeis da produção agrícola. O escoamento de fertilizantes, que também depende significativamente do transporte rodoviário, enfrenta desafios semelhantes.
A logística em um país de dimensões continentais
O vasto território brasileiro torna o processo de abastecimento ainda mais desafiador. A cadeia logística de fertilizantes envolve várias etapas e modais de transporte, como caminhões, trens e navios, desde o ponto de produção ou armazenamento até o destino. Essa logística é essencial para garantir o abastecimento contínuo da agricultura, contribuindo diretamente para o aumento da produtividade e para a segurança alimentar do Brasil.
Como um dos maiores consumidores de fertilizantes no mundo, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking global, importando cerca de 85% dos fertilizantes que utiliza. Os portos de Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande (no Sul), Santos (no Sudeste) e Itaqui (no Maranhão, Arco Norte) são responsáveis por mais de 80% do volume de fertilizantes importados, tendo o Centro-Oeste – especialmente o Mato Grosso – como um dos principais destinos. Sozinho, o estado consome cerca de um quarto da demanda total de fertilizantes.
Distâncias que comprometem a competitividade
A distância entre os portos de desembarque e os maiores centros consumidores evidencia a dependência do transporte rodoviário e os desafios logísticos enfrentados. A distância média entre as fazendas e os portos no Brasil é de 625 km, enquanto nos Estados Unidos, um dos principais concorrentes do Brasil no mercado agrícola, essa distância é de apenas 80 km. Essa disparidade resulta em custos logísticos mais elevados e margens de lucro menores para os produtores brasileiros, dificultando a competitividade do país no mercado global.
Nesse contexto, as transportadoras desempenham um papel fundamental na cadeia logística dos fertilizantes, sendo responsáveis por realizar as movimentações entre os principais elos produtivos. A logística de fertilizantes é composta por várias etapas, e a execução de cada uma delas requer atenção meticulosa para garantir a eficiência do processo.
Desde o carregamento até a descarga, é crucial que todos os procedimentos sejam padronizados e que a integridade dos produtos seja preservada ao longo de toda a jornada. A execução precisa de cada fase é essencial para assegurar que os fertilizantes cheguem aos seus destinos de forma íntegra, segura e eficiente, evitando atrasos que possam impactar a produção agrícola.
Multimodalidade: o caminho certo para enfrentar os desafios logísticos
A dependência do transporte rodoviário tem se mostrado um desafio, dado os altos custos e a sobrecarga nas estradas, comprometendo tanto a competitividade quanto a sustentabilidade do setor agrícola. Investimentos em infraestrutura multimodal, como ferrovias e hidrovias, são indispensáveis para reduzir os custos logísticos e a dependência do transporte rodoviário, melhorando a eficiência do escoamento das commodities agrícolas, aumentando a eficiência e qualidade dos produtos.
As ferrovias, por exemplo, são essenciais para o transporte de grandes volumes de carga a longas distâncias, oferecendo uma alternativa mais barata e eficiente em comparação com o transporte rodoviário. Além disso, as hidrovias são uma opção estratégica em regiões com extensa rede fluvial, permitindo o transporte de cargas pesadas a custo reduzido, especialmente para exportações.
Ao reduzir os custos logísticos, essa diversificação da matriz de transporte também assegura que o Brasil permaneça competitivo em um mercado internacional cada vez mais disputado, garantindo maior previsibilidade e segurança na entrega das mercadorias. A ampliação e modernização dessas infraestruturas não apenas proporcionam eficiência, mas também contribuem para o desenvolvimento regional, criando empregos e melhorando as condições locais.