Se historicamente o produtor rural sempre teve de enfrentar margens apertadas no seu negócio, os últimos dois anos – impulsionados pela alta de preços dos grãos – foram de excelentes rentabilidades para os produtores de soja e milho.
Mas e de agora em diante? Ainda é possível obter ganhos tão bons quanto nas safras 20/21 e 21/22? Veja a seguir a projeção realizada com base nos dados do IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) e do Grupo Céleres.
Fonte: IMEA
Preços na safra de 2020 a 2022
Do início de 2020, quando os preços da soja e do milho eram comercializados a R$70 e R$23/saca respectivamente, os preços tiveram altas históricas até o 1º trimestre de 2022, com a soja mais que dobrando de valor e o milho mais que triplicando.
No entanto, de lá para cá os custos de produção das duas culturas também deram um salto. O custo operacional da soja saltou de R$ 3.300,00/ha para R$ 6.300,00/ha, enquanto o custo operacional do milho saiu de R$ 2.500,00/ha para R$ 4.500,00/ha, um aumento de 90% e 80% respectivamente.
Evolução e rentabilidade dos preços entre a safra de 2022 e 2023
Na atual safra 22/23, o principal responsável por esse aumento dos custos foram os fertilizantes, que correspondem à aproximadamente 40% do custo operacional e tiveram altas expressivas no período analisado.
Diante de todo esse cenário, a expectativa é de uma redução na rentabilidade para 2023, com a margem do produtor de soja girando em torno de 20% e do produtor de milho em torno de 35%.
De fato, é bem abaixo das rentabilidades obtidas nas últimas duas safras que ficaram próximas e chegaram até a ultrapassar os 50%.
No entanto, analisando o histórico até o final da década passada, onde as margens dificilmente atingiam os 10%, podemos dizer que 2023 inicia um período de patamares “normais” de rentabilidade, uma vez que os últimos dois anos foram muito acima da média e as margens do ano atual deverão ser superiores ao histórico da última década.
O que esperar dos preços na próxima safra?
Mas e a próxima safra? O que podemos esperar? Com a soja praticamente colhida e a safrinha do milho na reta final do plantio, é comum surgir a dúvida no produtor de como se planejar.
Apesar da queda nos preços dos principais insumos como os fertilizantes, a primeira estimativa do IMEA apontou um custeio 14% maior que a safra 22/23 devido a atualização dos painéis modais de custo de produção, na qual foram observadas mudanças nas tecnologias utilizadas, bem como no manejo, estimuladas pela valorização do preço do milho nos últimos anos.
Esse cenário vem incentivando produtores de algumas regiões a investirem no manejo dos insumos com o objetivo de aumentar a produtividade.
Mesmo com aumento do custo total, esse investimento em novas tecnologias aliado à queda do custo de insumos como os fertilizantes deve garantir um incremento em torno de 5% de margem para a safra 23/24 com o preço de equilíbrio do milho, ou seja, o valor de comercialização da saca necessário para o produtor cobrir suas despesas, girando em torno de R$45/saca e o preço de venda neste momento variando na casa dos R$60/saca.
Por fim, em tempos de margens “normais”, cabe ao produtor investir em produtos de qualidade e tecnologias que possibilitem um aumento da sua produtividade, garantindo assim, o sucesso de seu negócio.
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